Monday, March 10, 2008

A Noiva no Primeiro do Janeiro

Na edição de 9 de Março, saiu um artigo no jornal 'O Primeiro de Janeiro' dedicado a nossa curta-metragem, escrito pelo Vitor Melo. Deixo o artigo abaixo e o link aqui: http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=c20ad4d76fe97759aa27a0c99bff6710&subsec=&id=d1f25dcb5fe9af7f57279838193074b3



Cada vez têm mais espaço no certame

O longo trajecto das curtasAs curtas-metragens são um valor intrínseco ao Fantasporto.

Nos dias 5, 6 e 7 o Fantasporto exibiu 60 curtas-metragens. Esta é a história de uma delas.A NoivaUm deles viu o «Natural Born Killers» às escondidas da família e ficou desiludido com a falta de violência. Tinha 10 anos.Outra ganhou insónias com um trailer do «Exorcista», visto acidentalmente aos cinco anos.

Passou toda uma década até voltar a por os olhos num filme de terror.José Pedro Lopes e Ana Almeida são a equipa criadora de «A Noiva», uma curta-metragem portuguesa que marcou a sua almejada estreia no Fantas. Ambos reuniram uma equipa de produção, constituída por 15 amigos, e rumaram a Entre-os-Rios. Uma rústica casa da família de José, e respectivo celeiro, foram o cenário.

Ele escreveu o argumento. A Ana realizou. E assim nasceu «A Noiva». Sete minutos que exploram a atmosfera fantasmagórica, os mitos e lendas que ainda povoam tantas zonas rurais. José Lopes, fã de Carpenter, pretendeu homenagear o género slasher. Já a realizadora é adepta de ambientes. Enuncia Tim Burton como a grande referência (viu «Beetle Juice» dezenas de vezes) tal como Spielberg, “um excelente contador de histórias” e J.J. Abrams, “alguém com o condão de transformar conceitos simples em coisas muito interessantes”.Juntos, alcançaram um consenso.

Decidiram dar à curta a forma de um prólogo de um filme de terror, aquele típico primeiro massacre que abre um filme. “O pre-credits slaughter, um mecanismo importante no cinema de terror para glorificar o vilão, o anti-herói”, afirma José Lopes.“Uma situação muito recorrente, onde, inclusivamente, são convidados actores mais conhecidos para essa breve aparição, ou seja, para morrerem”, acrescenta Ana Almeida, exemplificando com a primeira cena de «Scream», de Wes Craven, onde Drew Barrymore foi a primeira a provar a consistência da lâmina do assassino mascarado.Ambos adoravam viver do cinema, mas têm consciência que em Portugal isso é utópico. Carinhosamente agradecidos ao fantas, revelam que vão continuar a lutar pela criação da arte, a sétima, que tanto adoram.

E, quem sabe se daqui a três ou quatro gerações, começa a ecoar uma lenda pelas esquinas de Entre-os-rios, sobre alguém que conhece alguém, familiar de alguém que, na penumbra da noite, sucumbiu ao fatídico encontro com uma mulher vestida de noiva. Brilham os olhos a José. “Não me importava”.--------------


Curiosidades sobre «A Noiva»


Cadáver é o Player 2

«A Noiva» é o primeiro filme que exibem num festival. Mas não é o primeiro que fazem. No ano 2000 surgiu «Um Dia Perfeito», que conta a história de um jovem de 20 anos que, envolto em solidão, decide matar um homem na rua para lhe fazer companhia no apartamento. “Joga Playstation com ele, faz-lhe o pequeno-almoço”, revela Ana, sorridente. O filme foi exibido na SIC Radical.


Banda sonora viaja pelo MSN

A banda sonora do filme foi criada por um compositor americano, Don Cleary, especificamente para «A Noiva». A Internet foi o veículo que reuniu a realizadora e o compositor, que até hoje não se conhecem pessoalmente.


Esterco alucinogénio

Na sexta que antecedeu o fim-de-semana de rodagem, alguns membros da produção trabalharam dia e noite para retirar quantidades inquantificáveis de estrume do celeiro.Um deles confessa que a intensidade do odor o afectou de uma forma peculiar: “O cheiro era tão forte que, após horas ali dentro, apanhei uma grande moca, com alucinações e tudo”.


Realismo a mais

O filme foi rodado em Entre-os-Rios. Cinco anos passados, as feridas da tragédia e do seu mediatismo continuam por cicatrizar. Durante a rodagem da uma cena em homenagem a Twin Peaks, onde o corpo da actriz está embrulhado num saco plástico junto à margem do rio, vários populares manifestaram a sua revolta e insultaram a equipa de filmagens. “Como é que é possível que a comunicação social tenha chegado antes da polícia?”, “Abutres!”, exclamavam, convictos que o crime era real.

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